domingo, 21 de novembro de 2010

.. uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso.


Clarice Lispector

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Não, não se afeta mais por frases cornas, dias silenciosos, nostalgia daquilo-que-passou-e-nunca-mais-vai-voltar, filmes de adolescente. Não, não se afeta por comentários soltos e maldosos, nem por reminiscências que sutilmente vêm à tona. Superaste tudo, então? Não, não superei nada. Acostumei-me somente.